A leitura do sujeito como um todo aqui e agora, as histórias contidas nas histórias e a possibilidade de se ver no outro
Por Wilson Albino Pereira
“Vamos capinar um lote hoje?” Desde que li esta frase em um painel temático do Setembro Amarelo, onde pedia-se sugestões do que dizer a alguém que pensa em suicídio, lembro-me do importante trabalho exercido pelos psicólogos. Só recapitulando, “Setembro Amarelo” é o título de uma campanha, que tanto previne ao suicídio, quanto conscientiza à população dos riscos quando o indivíduo apresenta certos comportamentos.
Débora Aparecida Ferreira Duarte, 35 anos, é graduada em psicologia com especialização e suicidologia. Em entrevista concedida na sexta-feira, (29/10) falou-me sobre os desafios e oportunidades existentes em sua profissão. É boa observadora e ouvinte. Durante a entrevista lia meus gestos, sempre atenta às perguntas e pensava bem antes de dar cada resposta.
Bem antes de graduar-se, escolhera ser psicóloga mesmo sem saber ao certo quais eram as exigências para o exercício desse trabalho. “Com o tempo, vi que gosto das histórias contidas nas histórias”, informa e prossegue, “gosto de tentar entender porque o indivíduo se comporta de tal maneira ou se há algo em seu ambiente que favorece ou prejudica seu funcionamento.
Quando perguntada sobre os desafios no seu trabalho, Debora fala sobre a tentativa de fazer com que parte da população entenda que quem faz terapia não é doido como afirmam, e nem tão pouco psicólogos só defendem bandidos. “Atendo muitos casos de violências sexuais sofridas por mulheres”, revela e continua, “muita gente não sabe como é difícil para elas falarem sobre o ocorrido. Atendo também, muita gente que pensa em suicídio, o que requer manejos para a diminuição dos riscos. Portanto, é essencial sentir, perceber e tentar se ver no outro logo a partir do acolhimento. Isso é humanizar”.
